Missionários brasileiros relatam tensão e incerteza em meio ao cenário de destruição: “A violência chegou à nossa porta”
Katmandu, Nepal | Reportagem especial –
O Nepal enfrenta uma das maiores crises políticas e sociais de sua história recente. Nas últimas 48 horas, a capital Katmandu e outras regiões do país foram palco de uma escalada violenta de protestos, incêndios criminosos e ataques coordenados a prédios públicos, partidos políticos, empresas e instituições do Estado. Em meio ao caos, brasileiros que atuam como missionários no país relatam momentos de tensão e medo, enquanto a estrutura de governo do Nepal literalmente se desfaz em chamas.
A Suprema Corte, o Parlamento, a Casa Presidencial, ministérios, residências de ministros, além de hotéis de luxo, supermercados, escolas e até locais turísticos foram incendiados por manifestantes. Segundo relatos locais, presos foram soltos de penitenciárias e o exército assumiu o controle do país temporariamente, após o colapso completo das instituições democráticas.
Entre os que testemunham de perto a gravidade da situação, está o pastor brasileiro Silvio e sua esposa, a missionária Rose, que vivem há anos no país, atuando com projetos sociais e apoio a comunidades locais. Em mensagem enviada com exclusividade à reportagem, eles relatam o clima de tensão e o avanço da violência na região onde vivem:
“Estamos bem, graças a Deus! Minha família está aqui comigo, assim como obreiros brasileiros e nepaleses, e as crianças e jovens que cuidamos em nossas casas. Mas ontem queimaram a Suprema Corte, o Parlamento, ministérios, a casa do presidente… Vimos de nosso terraço a multidão atacando a casa do ex-primeiro-ministro Deuba, a apenas 300 metros daqui. Queimaram tudo. Helicópteros do exército sobrevoavam nossa casa tentando resgatar o político e sua esposa.”
O casal descreve ainda o som constante de tiros durante a noite e o receio de novos ataques:
“Por várias horas ouvimos os tiros, alguns pareciam bem perto. Todos estavam muito tensos aqui em casa. Agora, ameaçam atacar um hotel 4 estrelas bem atrás da nossa casa. Pedimos orações por paz no Nepal, pela nossa proteção e pela de nossas instalações.”
Com o governo desfeito e o exército no controle, paira agora sobre o Nepal a sombra de uma possível retomada da monarquia, extinta oficialmente em 2008. Grupos radicais hindus, segundo Silvio, podem tentar se aproveitar do vácuo de poder para reinstaurar um regime absolutista, o que gera ainda mais insegurança:
“Não sabemos o que será. Há risco da monarquia tentar se reestabelecer. São radicais. O país está sem governo, com instituições em cinzas. A população está assustada.”
O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO NEPAL?
O estopim da crise ainda não está completamente claro, mas analistas apontam para um acúmulo de insatisfações com o governo, denúncias de corrupção e falta de resposta a questões sociais e econômicas. A violência generalizada e os ataques sistemáticos indicam a ação de grupos organizados, o que levanta suspeitas sobre uma possível tentativa de golpe ou realinhamento de poder por facções políticas ou militares.
A comunidade internacional ainda não se pronunciou oficialmente, mas organizações de direitos humanos já demonstraram preocupação com o agravamento da crise e o risco à segurança de estrangeiros no país.
Enquanto isso, missionários como Silvio e Rose continuam no país, agora lidando com o desafio de manter seus projetos funcionando em meio ao colapso institucional.
“Seguimos com fé, mas atentos. A situação é muito séria. Estamos orando e fazendo o que podemos para proteger nossas crianças e nossa equipe”, finaliza o pastor.
Seja um agente missionario ajudando nossos irmãos ali naquele pais. No video tem um QrCode para você apontar a câmera do seu celular e poder ser ajudador desta obra no Nepal.